Os meus amores: contos e balladas by José Francisco Trindade Coelho
Os meus amores: contos e balladas by José Francisco Trindade Coelho
Ao cair da tarde, o Thomé da Eira entrava em casa, can?ado, esfalfado de andar um dia inteiro a mourejar no campo.
-Meus peccados, boa tarde!-dizia elle para a mulher, com um sorriso a affectar seriedade.
Vinha logo o pequeno, o Manuel, de m?os postas pedindo-lhe a ben??o.
-Deus te aben?oe.
-Pae, olhe que o ?Sult?o?... ia a dizer o pequeno.
-Bem sei! atalhava logo o Thomé.-O ?Sult?o? é um maroto e tu és outro.
E emquanto procurava no bolso da jaqueta a sua bella navalha de meia-lua, que lhe custara um pinto havia bons quinze annos, e abria a gaveta do p?o, o Thomé punha-se a fazer de interesseiro comsigo mesmo, resmungando alto p'ra que a mulher o ouvisse:
-é que por este caminho n?o tenho um dia descan?ado... Nem uma hora...
Vinha a mulher com as azeitonas, com o queijo, sem dar palavra.
-...Pois vamos já que já era tempo... Porque p'ra mim ha de chegar... A modos que vou já can?ando...
Mas o Thomé n?o era homem que dissesse estas coisas de cora??o. Pareciam-lhe longos, interminaveis, os aborrecidos domingos que passava sem ir campos fóra, madrugador como um melro.
-Uma aquella como outra qualquer! dizia o bom do Thomé encolhendo os hombros, como quem está desgostoso com um genio assim.
Partiu uma ampla fatia, um naco de queijo muito branco, do leite da sua cabrada, e veiu sentar-se, consolado, ao fundo da larga escada de pedra que dava para a rua, arrega?ado, em mangas de camisa, muito á vontade.
Costume velho do Thomé:-mal se sentava, mastigando o ?boccado?, dizia logo para o filho:
-Ouves, Manuel? Bota cá fóra o ?Sult?o?.
O rapazito corria o caravelho de uma pequena porta lateral, que rangia nos gonzos ao impulso dos seus bracitos roli?os, e punha-se a pular de contente, dizendo cá da rua:
-?Sult?o?! Sae cá p'ra fóra, ?Sult?o?!
No fundo negro do pequeno cortelho, na moldura rectangular da porta baixa, destacava-se ent?o a cabecita parda de um jumento, orelhas em riste, grandes olhos de uma tristeza perpetua, n'um movimento moroso de palpebras pestanudas...
E ali se quedava parado, absorto, muito bem posto nas suas pequeninas pernas delgadas, a olhar o Thomé que o chamava,-um grande riso de alegria nas fei??es amorenadas, contente de ver o seu ?Sult?o?.
Mas o pequeno jumento n?o avan?ava um passo, divertindo-se em arreliar o Thomé, fitando-o com um ar estagnado. Altivo na sua nobre linha de quadrupede de boa ra?a, alguem lhe poderia lêr no olhar, mole e impassivel, o frio, gelado despreso a que parecia votar o dono...
Mas era áquillo mesmo que o bom do lavrador achava gra?a. E punha-se ent?o a fallar muito serio, entre resignado e cortez, para o pequeno e desdenhoso jumento-o p?o e o queijo esquecidos n'uma das m?os, na outra a navalha de meia-lua:
-Ent?o, ?Sult?o?, n?o vens?
-N?o! parecia responder-lhe o animal. E abstracto, continuava a envolvel-o no seu olhar profundo. A quebrar a harmonia d'aquella immobilidade de estatua, apenas de quando em quando uma pequenina patada na soleira, zap!
-Zangado, ?Sult?o?? perguntava o lavrador.-De mal comigo?
E prestes voltava a cara para a outra banda, para se rir á vontade...-que n?o fosse vel-o o ?Sult?o?... Mettia entre dentes um pedacito de queijo, logo uma codea de p?o, e fazendo umas grandes rugas na testa, de quem come?a a zangar-se, voltava-se ent?o muito serio:
-Ficas ahi, ?Sult?o?? Já n?o és meu amigo?
O gerico abatia um pouco as orelhas, inclinava o pesco?o, parece que fazendo-se humilde...
-Ent?o se és, anda d'ahi. Olha...-E mostrava um pedacito de p?o.-P'ra ti se vieres...
O ?Sult?o? dava tres passos, e ficava fóra do cortelho. E por se vingar, o Thomé carregava o semblante n'uma seriedade muito pesada, e erguendo o rosto iracundo chamava-lhe interesseiro, maroto, affirmando que já lhe n?o dava o p?o. E desfechando-lhe emfim a amea?a de o vender a um cigano, entrava a tratal-o por senhor-s?r ?Sult?o?...
Mas o pequeno jumento ia andando muito devagar... andando... orelhas baixas, pesco?o cahido, a modo de arrependido, parece que pedindo perd?o da arrelia.
Nervoso, sapateando, o Thomé voltava a cara para a outra banda, a rir como um perdido.
-Diabo do gerico! diabo do rat?o! Capaz é elle de fazer rir as pedras, o mariola!-E tossia de engasgado, uma migalhita de queijo na guela.
No emtanto, o ?Sult?o? ia avan?ando, muito ronceiro, até que tocava com o focinho, levemente, nos joelhos do lavrador. O Thomé sacudia-o:
-Sae-te p'ra lá! dizia elle muito amuado, sem se voltar.-Cuidas talvez que te n?o conhe?o, cuidas? Já te n?o quero, vae-te!
Mas como que irreflectidamente, fingindo n?o querer, chegava-lhe ao focinho um pedacito do p?o, o melhor da fatia. ?Sult?o? lan?ava um olhar obliquo, entre surrateiro e medroso, levantava cautelosamente o bei?o superior, a tremer, e roubava-lh'o da m?o.
Pazes feitas! Era ent?o rir a perder, n'umas casquinadas agudas, muito estridulas.
-Credo, homem! dizia de cima, da janella, a sr.a Josefa.-Até pareces doido!
-Você assim rouba seu dono? Diga! Você assim rouba seu dono? perguntava o Thomé, n'uns grandes gestos.-Vamos que eu lhe n?o queria dar da merenda? Ladr?o, de mais a mais!... Ora bem! agora brinque.
Era precisamente o que o Thomé queria:-ver o ?Sult?o? a brincar.
...Nada, com effeito, meus amigos, que mais divertisse o bom do lavrador, e melhor o indemnizasse d'aquellas fainas laboriosas que lhe consummiam os dias, imperturbavelmente, perpetuamente, sob soes causticantes e chuvas torrenciaes.
Por isso, era de ver como elle ria, com uma boa vontade deliciosa, das ?partidas? e ?diabruras? do ?Sult?o?! ás vezes, o pequeno jumento, ferido n?o sei por que vespa invisivel, despedia sem mais nem menos n'uma carreira aberta, focinho entre as pernas deanteiras, agitando a cauda, por aquella rua fóra. Rompia de toda a banda n'um alarido o rancho pacifico das galinhas, que já no ar andavam como doidas, cacarejando, como se um pé de vento as levasse. Accudia gente aos postigos, ás portas, ás janellas, a ver a polvorosa; e subito se inundava a rua de rapazes, rotos, descal?os, alguns quasi nús, correndo atraz do burro, gritando-lhe, acenando-lhe, espantando-o-como se o mesmo vento de folia os houvesse varrido a todos, varrendo a propria rua... E um lá ia a terra, e sobre esse passavam os outros, e sobre todos voava o ?Sult?o?, apupado, perseguido, acclamado, na malta espavorida dos inimigos...
-?Sult?o?! eh lá! ?Sult?o?!
Subito, como se lhe estalasse a corda, o animal estacava, e logo de volta d'elle postava-se a rapaziada, mas n'um alor de nova fuga, n?o lhe desse na b?lha atacal-os... E abriam alas de repente, quando elle, tomado de novo accesso, voava para as bandas do dono, que por se n?o deixar atropellar investia com o ?Sult?o? de bra?os abertos, o que era, já se vê, um modo de o abra?ar, fingindo medo. E vinham as gargalhadas estridulas, os rogos para que pozesse treguas, as supplicas para que se accommodasse, recuando o lavrador até ao ultimo degrau da escada, onde se deixava cair,-derrotado!
-P'ra lá, ?Sult?o?! p'ra lá! fazia ent?o o Thomé, oppondo-lhe os pés, desviando-o, apoiando-se nos cotovelos, muito inclinado para traz, a rir como um perdido.
Ent?o o pequeno jumento estacava, offegante. Mas prestes rompia a girandola dos coices, em que era eximio, sacudindo muito as patas, cauda no ar, muito direita, ao mesmo tempo que o Thomé solicito dava aos rapazes o aviso de se arredarem-?porque era doido, aquelle demonio?!...
Outras vezes, parece que variando de tactica, entrava de seguir muito cauteloso, n'um ronceirismo perfido, como um borrego ou como um c?o, certa mulher que passava. Até que lá ia uma focinhada, e logo após os saltos do costume, respondendo com uma amea?a de pinotes á surpresa da viandante.
-Dê, tia Luiza! bata n'esse maroto! fazia de lá o Thomé, com ares de zangado. E depois, batendo o pé, pedindo que lhe dessem uma verdasca:-?Sult?o?! venha já p'r'aqui! intimava.
E se encontrava um c?o? Se encontrava um c?o, ia logo direito a elle, muito de vagar, cauda caida, orelhas murchas, n'um cumprimento humilde de focinho. O c?o regougava, desconfiado, entreabrindo a dentu?a, preparando a sua dentada. N?o dava o ?Sult?o? signaes de medo, e humilde proseguia para o outro, propondo paz. Mas ao primeiro latido, recuava um passo, espertando da sua indolencia passiva; e de espinha arqueada ganhava o terreno perdido-fitando impassivel o c?o... O bruto formava ent?o o salto, regougando forte, o pêllo eri?ado; e ao investir para a primeira dentada, salvava-o de um pulo o ?Sult?o?, evitando-o, até que por compaix?o lhe dava um pequenino coice, ?mais feitio que outra coisa?, pondo em fuga o mastim, corrido, ganindo, vencido:
-Eh! valente! gritava-lhe ent?o o Thomé.
E com duas palmadas na anca, espantava-o emfim para o cortelho, dizendo ao correr a caravelha:
-N?o ha dinheiro que te pague, assim me Deus salve!
E comido o caldo verde da ceia, nunca o Thomé da Eira ia para a cama sem primeiro descer a vêr o ?Sult?o?,-de candeia na m?o esquerda, e na direita, contra o sovaco, a bella quarta do gr?o, acogulada.
Muitas vezes acontecia esquecer-se o Thomé a vel-o comer, de candeia attenta, encostado á mangedoira, sorrindo: e, de cima, a sr.a Josefa tinha de intervir ent?o, gritando-lhe pelas frinchas do sobrado:
-Thomé, vê se te vens deitar, meu pasmado! olha que s?o horas.
E piamente, como fanatico, achava verosimil a lenda da burra que fallou,-historia que uma tarde, passando, o abbade lhe contara. Tanto que mais de uma vez, dando ao burro as boas-noites, extranhou com certo desgosto que o ?Sult?o? lhe n?o respondesse:
-Boas noites!
* * *
Mas o demonio, que sempre as arma, armou-lh'a tambem um dia! Foi ao cortelho, de manh? cedo, e n?o encontrou o burro. Ficou parvo! Poz-se a mirar, espantado, a loja que lhe pareceu enorme, e além de enorme-gelada...
-ó Josefa! Josefa! entrou de gritar da rua.-ó Josefa!
A mulher assomou á janella, sobresaltada.
-Queres apostar que me roubaram o burro, ó mulher?!
-Que te roubaram o quê? fez a sr.a Josefa, muito attonita.
-O burro, o ?Sult?o?! Vem cá ver que m'o roubaram!
E como ao tempo acudira já o Manoel, em camisa, descal?o, romperam todos tres na gritaria, defronte do cortelho vazio:
-á d'el-rei! á d'el-rei! á d'el-rei!
Até que o regedor, que era compadre, intervindo estremunhado, poz na peugada do burro, mais dos larapios, os cabos que compareceram.
Mas em v?o! Um a um foram regressando, pelo dia adeante, e desfechando ao peito abatido do Thomé a negra e vazia palavra:
-Nada!...
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